Eu poderia lhe dizer que todo mundo em algum momento da vida já se sentiu muito triste ou ansioso. Na nossa atualidade isso é muito comum inclusive. Mas hoje li uma matéria na revista veja, que me fez refletir sobre como estamos nos acostumando a querer respostas rápidas para tudo. A carreira próspera e imediata, a casa dos sonhos em poucos dias, a lucratividade em tempo recorde, o casamento em poucos meses, o emagrecimento meteórico, e tantas outras coisas… É claro que isso não é regra e algumas vezes as coisas acontecem assim mesmo. Segundo o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman, vive-se em uma época de grande barbárie e de pouca solidariedade. São tempos de alta competitividade guiados pela lógica da acumulação de bens e das aparências. Em nome dessa nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores que sequer chegaram a formar. O que importa é ser reconhecido, ser admirado, ter acesso a uma infinidade de produtos e serviços e usufruir o máximo do prazer. Mas voltando a matéria que eu li, e que me impactou, ela falava sobre o recente suicídio de um coach motivacional. Deixo aqui a minha sincera condolência a toda a sua família por essa dor inimaginável.
Mas a questão que quero trazer e me incomoda há muito tempo é: Será que é fácil trabalhar com atendimento de pessoas?! Qualquer um que faça um curso de Imersão em 01 final de semana está apto para orientar alguém? Bom, por experiência própria já digo que não. Temos que ter pelo menos 05 anos de formação e preparo, somando a milhares de horas de estágio supervisionado e mesmo assim não sabemos tudo.
Passamos por vários dilemas e resistências, lidamos com assuntos que mexem com nossas questões pessoais. Não podemos dar conta de uma demanda em somente 01 final de semana.
Atender pessoas requer paciência, escuta ativa e emocional e não podemos utilizar frases prontas e metodologias porque cada pessoa é um ser individual e requer uma atenção única.
Eu já perdi a conta no meu consultório de quantas vezes já me perguntaram qual seria o “prazo para a solução do seu problema”. Nada demais em almejar uma melhora rápida da sua questão, mas precisamos ter cuidado com isso. Não existe fórmula de bolo igual para as pessoas quando o assunto está ligado ao seu emocional.
Um profissional que atende pessoas precisa mais do que nunca estar cuidado de si mesmo, se auto analisando, se conhecendo, entendendo os seus limites e suas dificuldades para que assim possa com consciência exercer auxilio profissional ao outro. O protocolo de aviação indica que em caso de turbulência, quando caem as máscaras de oxigênio, primeiro devemos colocar a NOSSA máscara para em seguida ajudar quem tiver necessidade, como nossos filhos. Isso é ser um péssimo pai ou mãe? Claro que não!! Isso significa que você está cuidando da sua integridade física para poder também cuidar da integridade física do outro, senão nenhum dos dois será cuidado.
Quando não nos cuidamos, a tendência é logo nos frustrarmos se percebemos que não estamos conseguindo “dar conta” do problema da pessoa que nos procura.
Sem sombra de dúvida, todos nós, profissionais da área da escuta emocional e do cuidado ao outro, precisamos cuidar da nossa saúde mental. Nunca abra mão disso!!